quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Coitadinhos ou não?


Em Portugal e talvez noutros países também, existe um mal entendido terrível com as noções de formas de estar na vida e o que cada estatuto social trás.

Ulrich esqueceu-se em que país estava.  Os velhos do Restelo aparecem a toda a hora e portanto tudo é visto pela negativa, nem há abertura para ver o outro lado das questões.

O presidente do BPI resolveu dar a entender que o ser humano aguenta mais do que pensa, e que está tudo a queixar-se mas na verdade sabe-se que podemos estar pior.  E que muitos que se queixam não são os que estão pior.

Muitos falaram, e Daniel Oliveira também resolveu armar-se em puritano e ficar escandalizado a dar um ar que era superior e que Ulrich é que não estava a ver. Todos estão mal.

Na verdade cada vez que me falam do berço, como Daniel Oliveira falou, eu fico preocupada com o problema social que isso representa.

Já ouvi umas vezes na vida esse argumento do berço.  "o nascimento em berço de ouro faz toda a diferença".  Pois na verdade será que algum dia esta gente vai perceber que isso não é a solução.  Todos têm problemas e os problemas não escolhem os berços.

Os problemas abrangem toda a gente e problemas gravíssimos. Os problemas existem para toda gente.

As bases da vida mais importantes são: ter saúde e procurar ser feliz, e nem uma nem outra vêem com o berço aonde se nasce.  Portanto que fique bem entendido que o material do berço não é o que soluciona os problemas.

Tantos mafiosos cheios de dinheiro que andam para aí e os seus filhos nascem em berço de ouro e tanta porcaria que fazem quando crescem.  Tanta gente que devia ter educação e não tem. Até para uns educação é uma coisa e para outros educação é outra.

Muita gente que cria os seus filhos com muita dificuldade mas com amor e os seus filhos fazem coisas fantásticas na vida.

Claro que o dinheiro é muito necessário e arrepiante o mal que faz a falta para as necessidades básicas, e que neste momento é gravíssimo ficar sem emprego, pois não há outro para mudar. Mas o que se passa é que como antigamente se dizia: enquanto houver saúde...vamos tentar levando a vida.

Na verdade os problemas existem em todo o lado, saúde, desastres, drogas,  falta de cabeça. 

Tantas fortunas são perdidas. O mais fácil é perder dinheiro.  O mais fácil é as pessoas fazerem disparates. 

No fundo o que quero dizer com isto é que Ulrich sabe bem o que se passa, com os dramas que existem e as dificuldades que temos, mas eu acho, que ele quer transmitir que é preciso ter calma e que não nos devemos pôr de coitadinhos. Agora é preciso sacrifícios e realmente todos sabemos que há sempre casos piores do que os nossos.  É raro não haver pior.

A desgraça é relativa como a fortuna também o é.

Se o desemprego fosse maior como em Espanha, se estivessemos na Grécia ou mesmo em Guerra, há sempre pior.

Os ricos portugueses ao pé dos ricos americanos ou russos ou chineses não são nada.

No fundo é preciso haver bom senso,  não podemos apesar de estarmos numa crise horrível, não podemos ficar todo o tempo a queixar e a sentirmos-nos de coitadinhos porque isso não vai resolver nada.

O que acho o máximo é José Sócrates, Teixeira Santos e Vítor Constâncio estão lindamente sem qualquer problema embora tenham sido eles os responsáveis de muita coisa de como deixaram o país.

Aseguir ao 25 de Abril a confusão foi grande e muita gente esteve mal e quem não se lembra como foi para os retornados que a maior parte veio só com a roupa do corpo e pouco mais. 

Os retornados passaram mesmo mal e parece que todos se esquecem do drama que foi.

É preciso não estar sempre a ouvir a mesma lenga lenga do coitadinho que não resolve nada.

Ulrich acaba por  se prejudicar a falar à bruta para gente que antes de ouvir já tapou os ouvidos.

No fundo é preciso não alimentar o espírito do coitadinho, mais nada!!!



Um comentário:

Unknown disse...

Concordo a 100%! Anda toda a gente atirar-se que nem cão enraivecido àqueles que têm coragem para ser sensatos e não optarem pelo discurso dominante.

Se calhar deviam prestar mais atenção.

E focar-se naquilo que realmente interessa. No que está verdadeiramente mal. Na raiz dos problemas.

E tentar perceber se e em que medida cada um de nós pode fazer a diferença. Isso é que importa.